19/11/2007

MUDAR O BRASIL: COMO E PARA ONDE?

“Agente não só que comida,
Agente quer comida diversão e arte...”
Titâs

No debate inaugural do Primeiro Encontro de Ciências Sociais – UFRPE, acontecido em 06 de novembro, perguntei a um dos palestrantes, Profº Túlio Velho Barreto (FUNDAJ), como o governo atual poderia fazer as transformações reclamadas pela sociedade, superando os limitados programas assistenciais como, por exemplo, o Bolsa família, diante da seguinte realidade:

1) O governo Lula, NÃO nasceu de uma revolução. A despeito da empolgante e determinante participação popular, sobretudo dos movimentos sociais organizados, ele foi eleito fazendo acordos com as elites econômica brasileira, com alguns dos velhos e principais caciques eleitorais da política nacional e regionais e, principalmente, acenando para os fóruns do capitalismo mundial que NÃO faria grandes alterações na ordem neoliberal encaminhada por todos os governos anteriores, pós regime militar;

2) Essa Ordem neoliberal, aqui e lá fora, é comandada pelos EUA e secundada por outras potências européias, cuja tradução mais gritante é um mundo cada vez mais metido em guerras, desemprego, precarização do trabalho e desmantelamento dos Estados nacionais, com privatizações de empresas estatais e sucateamento dos serviços públicos: ver a realidade da própria UFRPE, das outras universidades e hospitais públicos, por exemplo.
3) Como agravante, nas duas eleições e sobretudo na primeira, a maioria dos deputados federais, senadores, governadores e deputados estaduais , prefeitos e vereadores ( nas eleições municipais seguinte), FORAM eleitos por Partidos que na ocasião faziam OPOSIÇÃO a Lula, obrigando ao governo “negociar” a governabilidade com essa turma, no preço da política brasileira;

4) Coloque agora neste caldeirão, a forte pressão dos empresários, banqueiros, latifundiários, com e sem mandatos políticos, botando a faca no pescoço do governo para que tome medidas ( a maioria contra o povo) que, segundo eles, lhes dariam condições de competir na disputa selvagem por mercados e capitais. Coloque também a pressão da Mídia (com já dizem : o PIG é o Partido da Imprensa Golpista ) e do STF (sobretudo do Ministro Mello, o soltador de presos ricos) , que hoje procuram se portar como os principais “partidos” de oposição ao governo Lula;

5) Por fim acrescente o mais grave: a desmobilização dos movimentos sociais, provocada , dentre outros, pela postura errônea da maioria dos partidos de esquerda que ao valorizarem demasiadamente o “jogo eleitoral” em vigor, substituem na prática, a árdua mas eficaz mobilização permanente da sociedade no corpo-a-corpo, debatendo idéias e construindo soluções, pela fácil e abjeta massificação da população, onde tudo se transforma em votos e companheiro em eleitor. O individualismo e o oportunismo eleitoreiro, NÃO interessam nem mobiliza a maioria do povo, pois é prática comum das velhas e surradas legendas decadentes.

Como procurei demonstrar, NÂO é fácil mudar , mas também NÃO é impossível. As cercas que impedem a maioria de ter acesso aos bens e serviços necessários a sua cidadania, são construídas e fortificadas com a apatia, desmobilização e desinformação dessa própria maioria. Se indignar já é um primeiro passo. Se informar e saber qual é o “seu lado” na sociedade é também importante. Mas o essencial é tomar atitude e atitude coerente com o seu lado e na perspectiva deste.

Ricardo Galvão
II Bach. Ciência Sociais – UFRPE.
ricardogalvao2@gmail.com

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